Embora não seja incomum que os idosos, tanto brasileiros quanto estrangeiros, enfrentem formas de discriminação, é no âmbito das limitações financeiras que esses casos se multiplicam. O etarismo econômico, termo que descreve práticas que vão desde o cancelamento de cartões até a recusa de planos de saúde, é uma realidade enfrentada por muitos.
Em uma pesquisa conduzida pela Ernst & Young em colaboração com a Agência Maturi, em 2022, foram entrevistadas 750 empresas, das quais surpreendentes 78% admitiram praticar o etarismo, estabelecendo barreiras na contratação de trabalhadores da terceira idade. Nessas organizações, os colaboradores com mais de 50 anos representam uma parcela que varia entre 6% e 10%.
Atualmente, 15% da população brasileira já ultrapassou os 60 anos, e a projeção do IBGE sugere que esse número atingirá 25% nas próximas décadas. Em 2018, pela primeira vez, a porcentagem de pessoas com 65 anos ou mais ultrapassou a de crianças com menos de cinco anos em todo o mundo. As estimativas indicam que o número de indivíduos com 80 anos ou mais triplicará, passando de 143 milhões em 2019 para 426 milhões em 2050.
Contrariando a premissa de que, com o avanço da idade, os gastos aumentam e o poder aquisitivo diminui, surge a questão: estaremos diante de um equívoco ou simplesmente nos rendemos a preconceitos infundados? A longevidade pode ser transformada em um impulsionador da economia. Em 2015, os americanos com 50 anos ou mais geraram quase US$ 8 trilhões em atividades econômicas.
O Boston Consulting Group projeta que, até 2030, a população com mais de 55 anos nos EUA representará metade de todo o crescimento do gasto do consumidor doméstico desde a crise financeira global. Esse índice alcança 67% no Japão e surpreendentes 86% na Alemanha.
No cenário dos investidores, dados da Bolsa indicam que 55% dos investidores PF na B3 possuem mais de 56 anos. Até abril de 2023, o número de investidores nessa faixa etária já atingia 753 mil.
De acordo com informações de 2020 levantadas pela iHUB Investimentos, os indivíduos com mais de 60 anos apresentam perfis mais arrojados, com aproximadamente 61% deles se classificando como agressivos, assumindo riscos maiores em busca de retornos mais elevados. Outros 34,23% possuem perfil moderado, enquanto 4,25% se consideram conservadores.
Diante desse panorama, é crucial desafiar as percepções estereotipadas sobre a população idosa e reconhecer seu potencial significativo na dinâmica econômica. Quando olhamos para o futuro, é justo aspirar à liberdade de escolher quem queremos ser ao envelhecer. E você, já refletiu sobre suas expectativas?