A Poupança e o CDB são frequentemente as primeiras opções para quem está começando a investir. Apesar de serem considerados como investimentos de baixo risco, esses dois investimentos apresentam diferenças significativas que podem impactar diretamente na realização dos seus objetivos financeiros.
Saiba quais são as principais características, vantagens e desvantagens de cada uma delas, e descubra qual pode ser a melhor opção para você!
POUPANÇA
A poupança foi criada em 1861, no Rio de Janeiro, junto com a criação da Caixa Econômica Federal pelo imperador Dom Pedro II.
Podemos mencionar alguns fatos curiosos sobre a poupança:
Apenas em 1872 foi aprovado um decreto que permitia que os escravos realizassem depósitos na poupança. E somente em 1915, outro decreto autorizava mulheres casadas a abrir sua própria caderneta de poupança, desde que com a permissão do marido.
A Caderneta de Poupança capta, todos os meses, bilhões de reais em depósitos, por meio de bancos públicos e privados, que formam o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Este, por sua vez, aplica 65% dos recursos da Poupança em financiamento imobiliário. Em outras palavras, quando você deposita 100 reais na poupança, 65 serão destinados ao financiamento da compra de imóveis residenciais, principalmente para a classe média.
Somente em janeiro deste ano, os investidores retiraram da poupança R$ 20 bilhões a mais do que depositaram. Nos últimos 3 anos a aplicação perdeu: R$ 87 bilhões (2023), R$ 103 bilhões (2022) e R$ 35 bilhões (2021).
Ainda assim, o saldo atual da poupança é mais de duas vezes o patrimônio dos fundos de ações (R$ 500 bilhões) e se aproxima do dos fundos de previdência (R$ 1,2 trilhão). Ou seja, ainda não é um investimento desprezado pelos brasileiros.
CDB
Já o Certificado de Depósito Bancário , CDB, foi criado no Brasil em 1971. Seu objetivo principal era estimular a captação de recursos pelos bancos, especialmente para financiar o desenvolvimento do país. Sendo assim, você basicamente empresta seu dinheiro ao banco e, posteriormente, ele o devolve o seu dinheiro acrescido de juros. É simples assim!
Quanto rende a poupança?
A rentabilidade da poupança é determinada por dois fatores principais: a Taxa Referencial (TR) e a taxa básica de juros, a Selic.
A forma como essas taxas influenciam o rendimento da poupança é descrita da seguinte maneira:
Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano: a poupança rende 0,5% ao mês mais a TR.
Quando a Selic está igual ou abaixo de 8,5% ao ano: a poupança rende 70% da Selic mais a TR.
Vamos imaginar que você decidiu guardar R$ 1.000 na poupança hoje. Com a Selic atual de 11,25% ao ano, a poupança está rendendo 0,5% ao mês mais a TR, que estava em 0,0648% em fevereiro de 2024.
Então, como calcularíamos o rendimento do seu investimento no primeiro mês?
1º Primeiro, calculamos 0,5% de R$ 1.000, o que dá R$ 5,00.
2º Depois, calculamos 0,0648% de R$ 1.000, o que dá aproximadamente R$ 0,64.
3º Somamos esses dois valores: R$ 5 + R$ 0,64 = R$ 5,64.
Isso significa que, no final do primeiro mês, você teria R$ 1.000 + R$ 5,64 = R$ 1.005,64.
Quanto rende o CDB?
Já os Certificados de Depósitos Bancários têm seus rendimentos atrelados ao CDI, que é uma taxa de juro que os bancos praticam entre si quando emprestam dinheiro uns aos outros.
O CDI sempre acompanha a SELIC de pertinho — na data da gravação desse vídeo, a Selic estava em 11,25%, e o CDI, em 11,15%.
Ou seja: se um CDB rende “100% do CDI”, atualmente ele renderia 11,15% ao ano. É um rendimento bem maior que o da poupança, que hoje rende 0,5% ao mês o que daria mais ou menos 6% ao ano.
No entanto, esse rendimento mais vantajoso não vem de graça.
Enquanto a poupança é isenta de impostos e permite que o dinheiro seja resgatado a qualquer momento, ou seja, tem liquidez diária, inclusive nos finais de semana, o CDB está sujeito à cobrança de imposto de renda e IOF e, na maioria das vezes, só pode ser resgatado no vencimento, que é data combinada com o banco para que ele devolva o seu dinheiro com o respectivo rendimento.
O imposto de renda que incide sobre o CDB é calculado com base no tempo que o seu dinheiro ficou à disposição do banco.
Aplicações de até 180 dias: 22,5%
Aplicações entre 181 e 360 dias: 20%;
Aplicações entre 361 e 720 dias: 17,5%;
Aplicações maiores do que 720 dias: 15%
FGC
Ambos os investimentos, CDB e poupança, são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), proporcionando uma camada extra de segurança para o seu investimento.
Este fundo é uma associação civil sem fins lucrativos que protege os investidores em caso de falência, intervenção ou liquidação da instituição financeira onde o investimento foi realizado.
A garantia do FGC cobre valores de até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, com um limite de R$ 1 milhão a cada período de 4 anos. Isso significa que, dentro desse limite, o seu dinheiro está seguro, independentemente do que acontecer com o banco.
Afinal, entre o CDB e a poupança, qual rende mais?
Para realizar esse cálculo, é necessário saber por quanto tempo você pode abrir mão do dinheiro que deseja investir.
Para deixar bem claro, vamos realizar uma simulação de investimento de mil reais em um CDB que rende 100% do CDI com resgate em 360 dias (um ano) e 720 dias (dois anos). Lembrando que o IR é calculado somente sobre o rendimento das aplicações.
Resgate em 360 dias:
1.000 x 11,25% = 112,5 de rendimento
112,50 - 20% = 90,00
Resgate em 720 dias:
1.000 x 11,25% = 112,5 de rendimento ao ano, ou 225 no total
225 - 17,5% = 185,6 ou 92,8 ao ano
Perceba que, por ter deixado o dinheiro mais tempo nas mãos do banco, ele teve um rendimento anual ligeiramente superior, justamente pela diferença na alíquota do imposto de renda.
Já na poupança:
Esses mesmos R$ 1 mil renderiam cerca de 6% ao ano: apenas R$ 60.
Ou seja, os CDB com rendimento igual ou superior a 100% do CDI rendem mais que a poupança, mesmo após o desconto do imposto de renda.